-
Arquitetos: DNSJ.arq
- Área: 1641 m²
- Ano: 2018
-
Fotografias:Carolina Delgado
-
Fabricantes: Bosch, CIN, DANOSA, GRAPHISOFT, Geberit, Italbox, MACIÇA, Oli, Porseg, Projecto Mosaico, Sanindusa, Sanitana, VMZINC, Viúva Lamego, Weber
Descrição enviada pela equipe de projeto. O conjunto edificado era constituído por dois prédios urbanos, um com duas frentes (Rua do Benformoso e Rua da Palma) e duas volumetrias distintas, o outro com frente só para a R. da Palma. Encontrava-se muito degradado, apresentando nos pisos superiores apenas as ruínas das paredes exteriores, uma vez que a compartimentação interior havia desaparecido na sequência de um incêndio. No piso térreo existiam espaços comerciais devolutos e disfuncionais. A intervenção foi realizada a partir do aproveitamento dos elementos mais significativos e da demolição parcial daqueles em piores condições, adoptando-se um programa misto, (de habitação e de comércio), que os transforma interiormente num único imóvel, dotado de um pátio central. Trata-se de um projecto de ampliação e de construção nova operada nos três edifícios, dotando-os das melhores condições em termos de organização funcional, acessibilidades, desempenho térmico e conforto acústico.
Foram mantidas as fachadas em dos edifícios, sendo os seus interiores totalmente construídos de raiz, e foi demolido um, dando lugar a uma construção integralmente nova. Todo o conjunto é servido por um único núcleo de comunicações verticais localizado na articulação entre dois, composto por escada e elevador. Os acessos aos fogos do corpo novo são estabelecidos por meio de galerias exteriores, em estrutura metálica, debruçadas sobre o pátio central à volta do qual se organizam as habitações. Localizam-se numa zona com grandes potencialidades resultantes da localização central, do ambiente histórico que nela se vive, da proximidade do Largo do Intendente - importante espaço público requalificado e com muita vida urbana cosmopolita. A intervenção actualiza a imagem urbana, propondo conceitos habitacionais contemporâneos, numa zona da cidade que, apresentando muitas situações de desamparo social e material, não é por isso menos atraente do ponto de vista da experiência do olhar quando dignificada por intervenções que a saibam respeitar. Foi realizada com sentido crítico em relação à pré-existência – demolindo as construções anacrónicas e valorizando os elementos ainda reconhecíveis como elementos básicos da sua identidade (sistema construtivo, relação com envolvente, escala, espacialidade interior).
Nesse sentido, e no que respeita aos elementos das fachadas passíveis de recuperação, propôs-se a limpeza e recuperação de todos os elementos pétreos, em peças maciças de lioz, a limpeza das guardas das varandas, pintadas com tinta de esmalte e o reboco das paredes pintado com tinta aquosa, integrando a recuperação do embasamento de azulejos da fachada da Rua do Benformoso. Em termos da relação com o espaço público envolvente, julga-se que a requalificação dos edifícios veio também introduzir uma melhoria a nível urbano contribuindo para a valorização da zona onde se insere, melhorando a atratividade de uma área muito central e de excelência da cidade. Refira-se a este propósito que, aproveitando a referência da fábrica Viúva Lamego existente em tempos na proximidade deste local, o revestimento de azulejo artesanal vidrado cinza claro e beringela das duas fachadas voltadas para a Rua da Palma, é da produção desta fábrica, estabelecendo também por essa via uma ligação directa à memória colectiva deste local.